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OPINIÃO: APOSTAR NO MUNDIAL DA RÚSSIA 2018

Fotografia: Gustavo Bom / Global Imagens 

13/01/2018

Por *Miguel Gomes Silva 

A lei das probabilidades está na base de um dos maiores e mais lucrativos negócios dos últimos anos. Engane-se quem pensar que o mundo das apostas online é só para alguns viciados em jogos ditos “de azar”, pois o crescimento do dinheiro colocado sobre a “mesa” na internet ultrapassou em muito o volume de um simples entretenimento de minorias. 

A lógica que suporta este esquema assenta num princípio matemático, segundo o qual um acontecimento com maior probabilidade de ocorrer proporciona um retorno menor ao seu apostador. Em contrapartida, quanto mais remota for a hipótese de uma situação se verificar, maior será o valor a receber pelos que nela apostaram. 

Em 1992, o especulador George Soros lançou um ataque à libra inglesa forçando-a a abandonar o Sistema Monetário Europeu de taxas de câmbio. O SME, como era designado, consistia num mecanismo em que as moedas aderentes deviam flutuar entre si, dentro de uma banda estabelecida. 

Soros apostou fortemente na saída da libra do SME. Nem a intervenção do Banco Central de Inglaterra foi suficiente para evitar a desvinculação da moeda inglesa do SME. Esta inverosímil aposta rendeu muitos milhões a George Soros. 

Em Março de 2010, Warren Buffett através do seu fundo Berkshire Hathaway decidiu apostar que a equipa francesa não seria campeã do mundo. A proporção de apostadores (odds) que acreditavam que a França ganharia a final na África do Sul era de 12 para 1. 

Do outro lado desta dinâmica, encontramos os vendedores de seguros de apostas, como Warren Buffett, que asseguraria o desembolso do dinheiro necessário para pagar a aposta aos vencedores. Estavam em causa 30 milhões de euros. Na sua essência, esta forma de ganhar ou perder dinheiro não pode ser considerada um investimento mas, antes, uma aposta para uns e uma cobertura de risco para outros. Quando o fundo de investimento de Warren Buffett apostou na exclusão da França, fê-lo contra alguém que provavelmente teria o compromisso de pagar prémios caso os “Bleus” fossem campeões. 

É comum, na euforia de um evento desportivo desta grandeza, as marcas comerciais oferecerem prêmios aos adeptos caso o seu país ganhe. Para não ficarem demasiado expostas, estas empresas cobrem o risco através de apostas, transferindo esse risco para fundos como o de Buffett. A verdade é que o bilionário octogenário ganhou muito dinheiro com a eliminação da França na fase de grupos do mundial. 

Em 2018, o mundial de futebol da Rússia deverá bater recordes em termos de apostas online. O crescimento deste negócio tem assumido valores astronómicos, devendo rondar os 50 mil milhões de euros em 2018. Entre os verdadeiros ganhadores, encontram-se as casas de apostas, que à semelhança dos casinos, ganham sempre!

*Miguel Gomes Silva é diretor da Sala de Mercados do Montepio 

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