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Artilheira do Brasil, Bia é destaque da Seleção no Torneio de Manaus

Bia já marcou 4 gols no Torneio Internacional e se tornou o destaque da Seleção 
em Manaus (Foto: provisória)

18/12/2016

Beatriz Zaneratto tem se transformado na melhor jogadora da Seleção na Copa Caixa de Seleções; A camisa 11 do Brasil completou 23 anos neste sábado (17) e quer a taça da competição com presente

“Olha lá! Recebeu a bola com marcação cerrada, dominou e partiu pra cima do adversário. Na base da força, passou por um, atropelou o segundo, invadiu a área, fuzilou, é gol! Ééé do Brasiiiiilll!!”. A narração pode lembrar um dos vários tentos marcados por Adriano “Imperador”, que com seu porte físico rasgava defesas em busca do gol, mas estamos falando de uma mulher, e que mulher!

Beatriz Zaneratto, 23, atacante da Seleção Brasileira é um dos maiores destaque do Torneio Internacional de Manaus. Artilheira da competição, com 4 gols, além de assistências preciosas, a jogadora que já foi "Guerreira Grená" e "Sereia da Vila", hoje está próxima de se tornar a “Imperatriz do Brasil”.

Nascida em Araraquara, interior de São Paulo - casa da Ferroviária-SP -, Bia, como é conhecida, conheceu o futebol como tantas meninas que amam o esporte bretão: jogando entre os meninos. 

Aos 13 anos brilhou em  um campeonato local atuando entre os garotos de uma  ONG, o Espaço Criança, onde foi vice-campeã. Por ser boa de bola, Bia foi alvo de discrimação e encarou o mais cruel dos adversários: o preconceito. Triste com as más línguas, trocou o futebol pelo vôlei. Mas com o tempo conseguiu driblar as fofocas e voltou a fazer os que mais gosta, balançar as redes dos oponentes.

Depois disso a ascensão foi meteórica. Ainda aos 13 anos, a jogadora de 1,76m de altura foi convocada para a Seleção Brasileira Sub-17, onde foi bicampeã Sulamericana da categoria. Na mesma época, já estreava no time principal do Brasil e realizava o sonho de jogar ao lado da “Rainha Marta”. 

Também ao lado de Marta, a então revelação do futebol feminino  se sagrou campeã da Libertadores da América com o Santos - casa das Sereias da Vila. Atuando há quatro temporadas no futebol da Coreia do Sul, a camisa 11 da Seleção começa, finalmente, a firmar seu nome com a camisa verde-amarela.

O CRAQUE conversou com exclusividade com a artilheira que completou 23 anos ontem. Entre outros assuntos, Bia falou do início difícil da carreira, de suas características de jogo, da adaptação no futebol asiático, do que deseja ganhar de presente neste domingo e, claro, de seu desempenho na Seleção Brasileira. 

Bia, assim como toda menina que escolhe jogar futebol no Brasil, você sofreu no início de carreira. Chegou a trocar o futebol pelo vôlei e jogava entre os garotos. Qual a passagem mais complicada antes da afirmação como jogadora de futebol?

Resposta - Acredito que o fato de não ter meninas da minha idade na época fez com que eu por exemplo escolhesse jogar vôlei. Mas depois de um tempo tive a certeza que o futebol era o que tanto amava. Meu pai e outras pessoas me ajudaram e me fizeram entender que não conseguia viver sem ele. Desde então nunca mais deixei de jogar e hoje, graças a Deus e minha família, estou onde estou, conquistando meu espaço cada vez mais na seleção principal. 

Poucos sabem, mas você atuou com Marta e Cia. quando tinha apenas 17 anos e hoje você é vista não como o futuro, mas o presente da Seleção Brasileira. Em algum instante na tua vida chegou a imaginar todo esse sucesso?

Respostas - Para ser bem sincera, nunca imaginei que chegaria a seleção brasileira, seja ela de base ou principal. Sempre fui muito tranquila e apenas gostava de jogar futebol e conforme o tempo foi passando as coisas foram acontecendo em minha vida. As oportunidades apareceram e eu tentei aproveitar da melhor forma possível, sendo feliz fazendo o que mais amo. Acredito que ter essa chance é para poucos, poder "trabalhar" com o que se ama, um privilégio, um dom de Deus e eu agradeço a ele todos os dias por isso.

Apesar da tua alta estatura (1,76m), você é uma jogadora veloz e que se movimenta o jogo inteiro. Essas características você se espelhou em algum atleta em especial? 

Resposta - Nunca tive um ídolo no futebol,mas gosto muito do estilo de jogo do “mestre” Messi, Cristiano Ronaldo, Suarez, Benzema... Adriano, acredito que tenho um estilo de jogo parecido: força física, trombador. Procuro sempre deixar o meu melhor dentro de campo, sei que tenho muito a aprender, evoluir, estou sempre pronta a escutar e contribuir da melhor forma possível. 

Você é convocada para a Seleção desde 2010, mas boa parte dos brasileiros só foi te conhecer de verdade nos Jogos do Rio, na goleada sobre a Suécia. Você é reconhecida na rua, tem assédio dos fãs no Brasil?

Resposta - Na minha cidade muitas pessoas me conhecem, em Araraquara, param para pedir uma foto, dar os parabéns, mas o assédio maior fica por conta das redes sociais.

Você atua no futebol sul-coreano há quatro temporadas, demorou a se adaptar ao país. Como é a torcida na Coreia do Sul? É fanática por futebol assim como os brasileiros?

Resposta - No começo foi difícil a adaptação, mas o clube, atletas, país, foram muito receptivos e logo consegui me adaptar e sou grata a tudo que fizeram e fazem por mim. Carinho e respeito levarei para toda a minha vida. Acredito que com meu futebol consegui conquistá-los, o que mostra a minha permanência lá por quatro anos. Acho que é difícil uma torcida tão fanática quanto a brasileira, embora eles apóiem bastante. O futebol feminino vem crescendo bastante na Ásia de um modo geral.

Você estreou muito bem sob o comando da Emily Lima. Marcou quatro vezes e pra muitos vem sendo a melhor jogadora no Torneio. Teve uma conversa em especial com a nova treinadora da Seleção?

Resposta - Emily conversou com todo o grupo após a partida e nos parabenizou de um modo geral. Acreditamos que estamos iniciando um novo ciclo com o pé direito. Vamos manter os pés no chão e iremos em busca do título desse torneio internacional, que será de suma importância para a continuidade desse trabalho.

A Seleção vive um momento de transição, tanto no comando técnico como dentro de campo – despedida da Formiga, por exemplo -  e não vem obtendo bons resultados na base. O que acha que deve ser feito para que o futebol feminino do Brasil se fortaleça? 

Resposta - Acredito que falta o apoio de empresas comprometidas com o futebol feminino, as emissoras transmitirem os jogos. O nosso auge foi nas Olimpíadas, todos os olhos voltados para nós e por que não dar continuidade? Vimos estádios lotados, pessoas gritando o nosso nome. Passou a Olimpíada deu-se a impressão de que o futebol feminino ficou de lado novamente, em segundo plano. Não! Precisa continuar apoiando. Clubes de camisa precisam abrir as portas para o futebol feminino ter o seu devido espaço. Acredito que não só a minha vontade, mas da grande maioria que decidiu jogar fora do Brasil é pelo fato de não termos as devidas estruturas aqui no Brasil, caso contrário nosso sonho seria poder jogar no Brasil, perto da família e amigos, no nosso país!

Ontem você completou 23 anos. Com certeza o título do Torneio Internacional de Manaus seria um presente ideal pra comemorar seu aniversário. Quais os outros presentes que você gostaria de ganhar hoje?

Resposta - Com certeza o título é o principal presente. Esse é o meu foco e de toda a equipe. Se possível fazer um gol seria uma felicidade a mais para completar com chave de outro esse dia especial!

Logo na sua estreia na Arena da Amazônia você marcou dois gols e teve bela participação no jogo. O que achou da torcida amazonense e qual a importância desses gols na final de hoje?

Resposta - A torcida amazonense já nos mostrou nas Olimpíadas o quão fervoroso é. Na quarta (contra Itália) não foi diferente, mas, confesso que senti falta do público. Espero ver aquela Arena maravilhosa lotada no próximo jogo nos apoiando cada vez mais e, claro, faremos o melhor lá dentro de campo para que valha a pena estar lá nos assistindo. É sempre importante e maravilhoso marcar gols pela Seleção, ainda mais em uma estreia. Espero dar continuidade no meu trabalho e se possível sempre ajudando com gols.

Quando a seleção esteve em Manaus durante a Olimpíada a passagem foi rápida. Agora vocês terão duas semanas na cidade. Vai aproveitar pra fazer turismo? Tem curiosidade em conhecer algum local? Vai rever as amigas que atuam no Iranduba...?

Resposta - Gostaria muito de conhecer um pouco mais de Manaus, mas, embora com um pouco mais de tempo, estamos sempre na rotina de jogos, treinos e descanso. Focadas para conquistar esse título e eu espero ajudar da melhor maneira possível. E, em outra oportunidade, espero vir com calma e conhecer melhor essa cidade maravilhosa que é Manaus.

Fonte: A Crítica 

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