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A Copa em Porto Alegre



Em 1946 a FIFA reuniu-se em Congresso para definir qual seria a sede da próxima Copa do Mundo. A II Guerra Mundial impedira a realização dos Mundiais de 1942 e 1946, e a entidade máxima pretendia realizar a próxima competição em 1949.

O Brasil, que já era candidato a ser sede da Copa de 1942, novamente lançou sua candidatura, com a condição que a competição fosse realizada em 1950. A FIFA aceitou e o Brasil começou seus preparativos.

Seis cidades brasileiras foram escolhidas como sedes: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Curitiba.

Logo a seguir, começou a discussão sobre os estádios que sediariam a Copa no Brasil. Em Porto Alegre, até o início de 1948 os jornais debatiam sobre a construção do Estádio Municipal. Obra dada como certa em 1947, aos poucos foi sendo abandonada, diante dos custos que acarretaria.

Na verdade, dos seis estádios usados no Mundial, apenas dois (o Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Independência, em Belo Horizonte) foram construídos especialmente para o Mundial.

Os principais estádios de Porto Alegre, na época, eram a Baixada, do Grêmio, a Montanha, do Cruzeiro, a Timbaúva, do Força e Luz, e os Eucaliptos, do Internacional. A Baixada era usada pelo Grêmio praticamente desde sua fundação, tendo sofrido reformas ao longo de quase 50 anos. A Montanha era o mais recente, inaugurado em 1941. A Timbaúva era de 1935. E os Eucaliptos, de 1931. A CBD decidiu-se pelo estádio colorado, que teve de passar por reformas para sediar a Copa.

O estádio do Internacional, que desde 1944 chamava-se, oficialmente, Ildo Meneghetti, tinha capacidade para 10.000 pessoas, com um pavilhão de madeira no lado da rua Silveiro, e um pavilhão de concreto no lado oposto. Com as reformas, o pavilhão de madeira foi substituído por outro, de concreto, e a capacidade do estádio duplicada.

Os Eucaliptos sediaram duas partidas do Grupo A, do Brasil.

A primeira ocorreu em 29 de junho de 1950, entre Iugoslávia e México. Era um jogo importante, pois um dia antes o Brasil, que já havia batido o México, empatara com a Suíça. Se a Iugoslávia, que havia derrotado os suíços, vencesse o México, assumiria a liderança do grupo e jogaria pelo empate, contra o Brasil, para decidir quem iria para o Quadrangular Final.

Apesar de contar com Carbajal, goleiro que tornaria-se recordista em Mundiais disputados (1950, 1954, 1958, 1962 e 1966), além de ser escolhido o melhor de sua posição da Concacaf no século XX, o México não tinha condições de resistir ao bom futebol dos iugoslavos. Na primeira etapa a Iugoslávia já vencia por 2x0, e acabaria fazendo 4x1, preocupando a torcida brasileira.

29.06.1950 Iugoslávia 4x1 México

Juiz: Reginald J. Leafe (Inglaterra)

Público: 12.000

Gols: Bobek 20' e Čajkovski 23' do 1º; Čajkovski 6', Tomašsević 35' e Ortiz (pênalti) 44' do 2º

IUG: Mrkušić; Horvat, Stanković e Zl. Čajkovski; Jovanović e Djajić; Mihajlović, Mitić, Tomašević, Bobek e Čajkovski

MEX: Carbajal; Gutierrez, Gomez e Ruiz; Ochoa e Flores; Naranjo, Ortiz, Casarin, Peréz e Velasquez

A partida seguinte não atraiu muito a atenção da torcida porto-alegrense, eufórica com a classificação do Brasil. No dia 1º de julho de 1950 o Brasil bateu a Iugoslávia e classificou-se para a fase final. Em Porto Alegre, no dia seguinte, bateriam-se México e Suíça, já eliminados. Na hora da partida, um contratempo: a Suíça jogava com um uniforme vermelho, e o México de grená. O árbitro sueco Ivan Eklind considerou que os uniformes eram muito parecidos, e exigiu que uma das equipes trocasse as camisas. Como nenhuma das seleções tinha uniforme reserva, foi feito um sorteio para decidir quem teria de arrumar um jogo de camisas emprestado. O México venceu o sorteio, mas como havia sido muito bem recebido na cidade, decidiu ele trocar de camisas e usar o uniforme de um dos clubes da capital gaúcha. O Internacional não poderia ser, pela cor. A opção foi utilizar o uniforme do Cruzeiro. Mas até buscar-se um jogo de camisas no estádio da Montanha, a partida atrasou em 25 minutos.

Os mexicanos não conseguiram segurar os suíços, que garantiram sua única vitória na competição. Novamente, ainda na primeira etapa o México já havia levado dois gols.

02.07.1950 Suíça 2x1 México

Juiz: Ivan Eklind (Súécia)

Gols: Bader 10' e Antenen 44' do 1º; Casarin 44' do 2º

SUI: Hug; Neury, Bocquet e Lusenti; Eggimann e Quinche; Antenen, Friedländer, Tamini, Bader e Fatton

MEX: Carbajal; Gutiérrez, Gomez e Ochoa; Ortiz e Roca; Flores, Naranjo, Casarin, Borbolla e Velázquez

Os mexicanos gostaram muito de Porto Alegre, principalmente da noite da cidade. Assíduos frequentadores dos cabarés porto-alegrenses, em campo mal conseguiam correr. Quando voltou ao México, a seleção foi dissolvida, por "comportamento inconveniente". Poucos daqueles atletas voltariam a vestir a camisa mexicana.

A Copa continuou, com Brasil, Espanha, Uruguai e Suécia ainda sonhando com o título. O Brasil dava show, goleando Espanha e Suécia. Quase ganhou o título por antecipação, pois na 2ª rodada o Uruguai, que já havia empatado com a Espanha, empatava com a Suécia até os 40' do 2º tempo, quando conseguiu a vitória que o manteve vivo. Na última partida, contra o Uruguai, o Brasil podia empatar, saiu na frente, mas levou o gol da virada faltando 11 minutos para o final do jogo. Foi o terrível "Maracanazo". Nesta Copa, a Seleção contou com dois colorados, Adãozinho e Nena, que não atuaram em nenhuma partida.


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