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Ricardo Trade: "A Copa não existe sem estruturas temporárias"

Trade concedeu entrevista a veículos do Grupo RBS na tarde desta segunda-feira
Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
22/10/2013

Executivo-chefe do Comitê Organizador Local diz que cidades devem, por contrato, fornecer instalações provisórias nos estádios

Pedro Moreira

Tranquilo em relação à preparação de Porto Alegre para a Copa do Mundo, o executivo-chefe do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial no Brasil, Ricardo Trade, admite ter aprendido duras lições com a Copa das Confederações. Confiante de que problemas como estádios entregues em cima da hora, dificuldades para retirada de ingressos, poucos voluntários fluentes em outras línguas e internet lenta nas arenas não se repetirão em 2014, o homem forte da competição aposta na realização de um Mundial histórico:

— Podemos ser melhores que a Alemanha. Somos imbatíveis em celebração. Dentro do estádio, pretendemos ter uma Copa melhor que a deles.

Revelando que nenhum gramado dos estádios já entregues será trocado para o Mundial — ainda que um grupo liderado pela agrônoma gaúcha Maristela Kuhn trabalhe para resolver falhas nos campos —, Trade concedeu entrevista a veículos do Grupo RBS na tarde desta segunda-feira, em Porto Alegre. Não fugiu de nenhum assunto, como a ação judicial do Ministério Público Federal que determina à Fifa custear as estruturas temporárias em torno dos estádios do Mundial.

Confira o que disse o homem responsável por cuidar de todos os detalhes da Copa.

Estruturas temporárias

"O Ministério Público fez uma sugestão às cidades-sede dizendo que elas não deveriam fornecer estruturas temporárias. Mas elas têm um contrato assinado que diz que elas têm essa obrigação. Nós fazemos o desenho do que é necessário, tentamos ao máximo eliminar as necessidades. Para não se tornar um elefante branco, coloca-se as estruturas temporárias em volta. Por exemplo, vou usar o Gigantinho, o Maracanãzinho e o Mineirinho como estrutura? Sim. Tudo que puder usar e já exista, para não incorrer em custos, será usado. A Copa não existe sem estruturas temporárias. São uma forma de não incorrer em custos que seriam definitivos. É importante pegar o outro lado da questão: é uma obrigação, uma necessidade e poupa recursos ao poder público. Uma das coisas que são pedidas: detector de metais. Não se usa em um jogo normal, mas na Copa é preciso."

Manifestações

"Ocorrem e fazem parte, somos um país democrático. O governo federal deu, em 2007, garantia de segurança, de que o direito de ir e vir não vai ser afetado, de que as pessoas vão poder chegar aos estádios, os árbitros, a imprensa. Isso é importantíssimo que seja mantido. Em alguns momentos reforçamos segurança interna nas instalações. Para o futuro, acho que é preciso comunicar melhor o que a Copa traz de bom. E falo como cidadão, com tranquilidade: eu trabalhei na candidatura do Rio 2016 e sei o que vai trazer ao Rio os Jogos Olímpicos. Tem exemplos ruins? Tem. Na Grécia não foi bom. Mas tem Barcelona, que foi maravilhoso. A gente tem de aproveitar. Mas não se pode nos entenderem como responsáveis pelos anseios por saúde, educação, que são legítimos."

Aeroportos

"Na África do Sul, fui a dois jogos como espectador. Em Port Elizabeth, o aeroporto era um caos. Por exemplo: se Natal vai receber um jogo como México x Inglaterra, será que não se consegue colocar mais 30 banheiros químicos no lado de fora, mais 600 cadeiras dentro do aeroporto para atender aquele dia? A partir do momento em que se decidirem onde as equipes vão jogar, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) vai estudar a possibilidade de voos diretos entre cidades, que não existem. Porque vai ter demanda."

Beira-Rio na Copa

"O Inter hoje, depois que passou aquela tempestade (a definição do acordo com a Andrade Gutierrez), tem um estádio em andamento dentro do prazo, tem um gramado superbem estruturado e o mínimo possível de dinheiro público envolvido na construção. Nos agrada saber que o clube pode se auto sustentar. Tem um entorno que é fantástico, tem espaço para tudo, é bonito com o rio ao lado. Acho que vai ser agradabilíssimo para uma pessoa vir, assistir ao jogo e ir embora. E ter o estádio do Grêmio ao lado para treino, que é um estádio em um padrão de Copa do Mundo."

Jogos-teste no Gigante

"A gente combinou que em janeiro, até o final do mês, tinha de ter um jogo entre operários. A partir de fevereiro, tendo jogos do campeonato local, é maravilhoso. O que não dá é para entregar em cima da hora, como no Maracanã, em Brasília e em Recife. Se for como em Belo Horizonte e em Fortaleza, com 11 jogos-teste, é maravilhoso. E acho que vamos ter isso agora. Todos os novos estádios com jogos a partir do início de fevereiro e um jogo inaugural em janeiro, com todo o estádio testado de forma tranquila. A gente vem no final de abril, início de maio, e faz os testes juntos."

FRASES

Sobre o atraso nas obras do Salgado Filho:
"Em momento algum foi assinado um documento que diga que o aeroporto tem de estar pronto. A Copa do Mundo se realiza nos aeroportos como estão hoje? Se realiza. Vou colocar mais 300 homens no aeroporto, 400 banheiros e vamos resolver. Mas, para depois, para o país, nós precisamos dos aeroportos prontos."

Sobre o impasse a respeito do piso do entorno do Beira-Rio:
"Precisa ser feito? Precisa. Mas qual é a melhor forma? Estão trabalhando para achar uma solução. Cada uma das cidades tem uma coisa assim, são pontos a azeitar. É uma coisa local, cidade-sede, estádio e Estado dividindo a responsabilidade. Não é necessário ainda um prazo, porque dá tempo. Não posso exigir que o poder público interfira numa área privada."

Sobre o atraso na colocação da membrana da cobertura do Gigante:
"Claro que não se vai chegar e dizer que a Copa não vai mais ser aqui porque, em vez de 30 de dezembro, instalou a cobertura em 3, 4 ou 5 de janeiro. A gente tem acompanhado. O legal de ter um prazo é que a Copa acaba trazendo a ideia de que tem de estar pronto, que tem data."

Fonte: Zero Hora

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