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Conheça a história do time amador que virou uma válvula de escape para os refugiados em Roma



03/11/2015

Por: Leonardo de Escudeiro

A situação dos refugiados nesta crise migratória pela qual a Europa passa é majoritariamente observada do ponto de vista humanitário. Pensamos na tristeza que é essas pessoas terem de deixar suas casas para conseguirem sobreviver, na dureza de sua batalha para encontrar um novo local para viver e nas dificuldades financeiras e necessidades primárias não saciadas que marcam seu dia a dia. Além disso, no entanto, essas pessoas que estão espalhadas por diversos campos de refugiados em países europeus precisam lidar com uma rotina entediante, em que as opções de lazer são escassas. Na busca por alternativas, o futebol se apresenta como uma válvula de escape para muitos desses refugiados. Em Roma, por exemplo, um clube serve como grande símbolo do poder que o esporte pode ter ao oferecer perspectivas mais positivas em sua vida.

O Liberi Nantes é uma equipe composta apenas por pessoas que buscam asilo político e refugiados vindos de diversos países da África Central, como Mali, Gâmbia e Burkina Faso. Criado em 2007, o clube romano recentemente teve seu grande momento nos mais de oito anos de atividades: um amistoso contra ex-jogadores da Roma.

O site Copa 90 produziu um mini-documentário apresentando o Liberi Nantes e contando sua história. Presidente do clube, Daniela Conti revela que quando o time foi criado, em 2007, foi difícil formar uma equipe com 11 jogadores, mas o sucesso de sua empreitada hoje se traduz nas mais de 200 pessoas que pediram um lugar na equipe em 2015. “Temos testes, nos tornamos um clube muito profissional”, diverte-se.

Daniela Conti revela que o contato com a Roma se iniciou no ano passado, e o clube indicou que tinha um time de ex-jogadores giallorossi que poderia ser disponibilizado para uma partida contra os refugiados. A partir da confirmação da disputa do jogo, um trabalho intenso de reforma nas instalações do Liberi Nantes foi começado, mas sem nenhum tipo de patrocínio. Apenas através do trabalho voluntário daqueles que fazem parte do clube.

O Liberi Nantes é um espaço acolhedor em meio a uma cidade que pode em muitos momentos não abraçar aqueles que se deslocam para tentar uma mudança de vida. “O que eles sentem na cidade não é convidativo, é muitas vezes rejeição, então para eles a inclusão não é muito fácil”, conta a presidente.

O senso de responsabilidade social está em todos que ajudam a tornar o Liberi Nantes esse lugar acolhedor. Técnico da equipe, Salvatore “Toti”, por exemplo, se ofereceu para treinar o time voluntariamente há dois anos e até hoje mostra muita compreensão do significado do projeto. “Eles libertam-se de seu próprio senso de rejeição. Da rejeição que vivenciaram. Eles vêm aqui, e o futebol lhes dá tudo. Nós fazemos pouco, a força deste esporte é incrível. São pessoas que viveram na sombra por muito tempo. (É ótimo) Vê-los descobrindo que há esperança, uma chance”, diz o técnico.

Apesar do crescimento da equipe nas categorias amadoras do futebol italiano, o resultado é o de menos para o Liberi Nantes. O importante é o ambiente de aceitação que ele cria e a lição que dá para aqueles que conhecem sua história. “Podemos mostrar às outras pessoas, à opinião pública, quem eles são, apresentar sua história. Essas pessoas podem ser muito úteis para construir uma nova sociedade”, diz Conti. Mas se para você importa o que são capazes de fazer dentro de campo, vale a pena conferir como eles fizeram bonito contra os giallorossi no belíssimo mini-documentário do Copa 90.


Fonte: Trivela


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