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No Cais Mauá, em Porto Alegre, operários trabalham na destruição de estruturas e na limpeza do terreno

Estruturas não originais, erguidas ao longo do tempo, estão sendo postas abaixo
Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
16/01/2014

Pelo menos dois armazéns devem estar restaurados até a Copa do Mundo 2014, projeta empresa

Dois meses após o início das obras de revitalização do Cais Mauá, no centro de Porto Alegre, operários trabalham na destruição de estruturas e na limpeza do terreno onde ocorrerá a restauração de 11 armazéns tombados como patrimônio histórico. O início da recuperação dos prédios depende do trabalho de demolição, que está 50% concluído, segundo estimativa da empresa contratada.

— Gostaríamos muito de ter quatro armazéns operando para a Copa, mas eu acho que a gente vai conseguir botar a funcionar dois — prevê André Albuquerque, presidente da Cais Mauá do Brasil, consórcio responsável pela obra.

A empresa dividiu a construção em duas fases. A primeira contempla os armazéns tombados, cuja entrega à população é tratada como prioridade. Erguer hotéis, torres comerciais, shoppings e centros de eventos está sendo reservado à segunda fase, ainda sem cronograma definido. Segundo Albuquerque, esta segmentação foi baseada na lógica de mercado.

— Não adianta lançar tudo ao mesmo tempo porque ninguém tem caixa suficiente para construir tudo e nem o mercado absorve tudo ao mesmo tempo — justifica o presidente, que garante que há empresas interessadas em colocar seus empreendimentos no local, mas nenhum contrato foi firmado até agora.

O secretário Edemar Tutikian, do Gabinete de Desenvolvimento e Assuntos Especiais (Gades), lembra que a obra tem licença para as demolições e restauro. Só depois de concluído o estudo de impacto ambiental por parte da empresa, o que está "prestes a ocorrer", segundo o secretário, é que serão liberadas as licenças para a execução de outros projetos. A definição sobre quais categorias de comércio e serviço que irão operar nos armazéns ocorrerá apenas após a obtenção da licença ambiental.

— Estamos bem tranquilos, a obra está andando e todos os prazos estão sendo cumpridos — disse Tutikian.

Por meio da assessoria de imprensa, a Casa Civil do governo estadual, que também responde pela obra, informou que não há novidade nesta semana que justificasse uma manifestação oficial.

Quem mira o andamento das obras a partir das janelas de prédios do entorno ou de embarcações do Guaíba se impressiona com os entulhos. Albuquerque explica que as estruturas desmanchadas não são tombadas, constituem uma espécie de puxadinho que foi construído ao longo dos anos.

Para quem sonha há mais de 20 anos com a revitalização do Cais, passar pela Avenida Mauá e não avistar nada sendo feito pode ser frustrante. É que o maquinário fica escondido pelo muro de concreto. E, durante o restauro, o processo de revitalização tende a ser ainda mais silencioso. Para esta minuciosa tarefa, foi contratado um especialista que terá a missão de manter o padrão arquitetônico original.

O mesmo trabalho também deverá ser executado em quatro guindastes que já serviram para descarregar embarcações e que, no futuro, serão adornados por iluminação cênica e integrarão a paisagem.

Resolvendo perrengues

Nos últimos dias, dois impasses envolvem serviços habituais do Cais Mauá. O debate mais acalorado envolve os bombeiros. A corporação não aceita a proposta da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) de transferir o Grupamento de Busca e Salvamento dos Bombeiros (GBS), que hoje opera no Cais Mauá, para o Cais Marcílio Dias, ao lado da Ponte do Guaíba. O edital prevê que a empresa Cais Mauá construa uma instalação nova para os bombeiros. Eles devem sair quando a nova instalação for entregue.

Sobrou também para o passeio tradicional do Cisne Branco. A Orgatur, empresa responsável por operar a embarcação, foi notificada de que deveria deixar de atracar ali. Ficou autorizado apenas o embarque e desembarque de passageiros — não sendo permitido o abastecimento do barco com combustível, eletricidade e alimentos. Até esta terça-feira, a determinação não havia sido cumprida. A empresa aguarda que seja designado outro espaço para realizar as atividades de suprimento.

PRIMEIRA FASE

Serão restaurados os 11 armazéns tombados do Cais Mauá. Até junho, o consórcio responsável pelo projeto deve inaugurar dois armazéns, o A e o B, localizados no pórtico principal. Ainda não há definição sobre o tipo de serviço ou comércio que será operado nesses dois espaços. Não há prazo para conclusão das obras nos demais prédios. Um hotel deve ser construído ao lado do Armazém B.

SEGUNDA FASE

Nas obras da segunda fase, ainda sem data para começar, será construído um shopping center próximo ao Gasômetro, no lugar do armazém A7, que será demolido. Próximo à rodoviária, devem ser erguidos três torres comerciais e um hotel.

O QUE PREVÊ O PROJETO

— A revitalização foi dividida em duas fases. A primeira contempla a restauração de 11 armazéns tombados, que serão preparados para abrigar restaurantes, lojas, centro cultural, etc. Dois devem ficar prontos até a Copa.

— No mesmo espaço deve ser erguido um hotel boutique onde hoje funciona o prédio da Secretaria de Portos e Hidrovias. 

— Para a segunda etapa, que inclui torres comerciais, hotel, centro de eventos e shopping center, duas empresas foram contratadas para estudar a viabilidade econômica, definição de perfis de público e prioridades para a cidade.

— Entre os armazéns, ao longo dos anos, foram construídos "puxadinhos" para abrigar salas de reuniões, banheiros, refeitórios. São estas estruturas que estão sendo demolidas.

— Os estacionamentos estão fechados para o público. É permitido circular apenas a pé para embarcar no Cisne Branco e no Catamarã. 

— Quatro dos 11 guindastes serão restaurados e receberão iluminação cênica.


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