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Tatu-bola, o primeiro convocado


12/09/2012

Animal tipicamente brasileiro é anunciado pela Fifa como a mascote para a Copa 2014. Ambientalistas veem indicação como bandeira para reduzir risco de extinção da espécie

Bruno Freitas - Estado de Minas

Um bicho tipicamente brasileiro, como a caatinga e o cerrado, seus habitats naturais, está confirmado pela Fifa como a mascote oficial da Copa 2014. O tatu-bola, coberto por uma carapaça formada de três cintas móveis – de onde vem seu nome científico, Tolypeutes tricinctus –, tem hábitos noturnos, não mais que 50 centímetros de porte e, num piscar de olhos, é capaz de se blindar diante de predadores. As semelhanças com peculiaridades do futebol e do anfitrião, Brasil, legitimam a escolha.

Apresentando em imagens preto e branco e em 3D no escritório europeu de patentes pela entidade maior do esporte bretão, o animal que promete se tornar o centro das atenções em todo o mundo daqui a menos de dois anos ainda não tem nome – será definido por meio de votação na internet, a exemplo da bola Brazuca.

A indicação chama a atenção para um problema grave: o risco de extinção da espécie. Foram as chances de levar adiante um plano de conservação para o bicho, além da óbvia semelhança do tatu com a pelota, que levaram a ONG cearense Associação Caatinga a sugerir a adoção do ícone ao Ministério do Esporte e o Comitê Organizador Local (COL), em fevereiro. Aprovado, o tatu-bola – que vive também nas regiões Nordeste e Noroeste de Minas Gerais – pode ganhar força para ser salvo. “Ele é uma espécie endêmica, que só existe no Brasil, e representará o país dando visibilidade à nossa fauna. A presença na Copa vai dar o devido destaque a um ser bastante particular, mas que está ameaçado por ser alvo de vários tipos de pressões humanas como a diminuição das áreas de mata e a caça”, alerta a biológa e coordenadora técnica da ONG, Liana Sena.

As características da carapaça, acrescenta a especialista, permitem que o bicho se defenda de animais, embora possa ser facilmente capturado pelo homem. ““É a única espécie capaz de se enrolar completamente, formando uma bola quando se sente ameaçada, mas se está protegido de predadores naturais, ao mesmo tempo fica vulnerável aos seres humanos.”

Bandeira O tatu-bola se alimenta de cupins, formigas, frutas e aproveita tocas abandonadas de outros animais, em vez de escavar seu próprio buraco. Colocá-lo em foco é visto com bons olhos pelo professor do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Flávio Rodrigues. Para ele, o fato de existirem somente duas variações do animal no Brasil (a outra é a Tolypeutes matacus, comum no Pantanal, mas em maior número) poderá servir como alerta. “A escolha da mascote é mais uma bandeira que se levanta para mostrar a necessidade de conservação das espécies. A partir daí poderemos alavancar recursos e gerar a atenção necessária”, defende. Rodrigues acredita, porém, que grande parte da preocupação sobre o problema venha do exterior. “O tatu-bola é ainda menos conhecido fora do Brasil. Como nosso representante na Copa, ele vai se tornar uma causa em todo o mundo”, salienta.

O tatuzinho é típico da caatinga e do cerrado, sendo encontrado também no
Nordeste e Noroeste de Minas Gerais
 
Apesar do risco de ser extinto, não há registro de apreensões de tatu-bola capturado ilegalmente no estado, segundo levantamento do Ibama. Ele será a 13º mascote de Copas desde o leão Willie, do Mundial de 1966, na Inglaterra.


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