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O QUE ESPERAR DA COPA AMÉRICA NA ARENA E NO BRASIL

Arena terá uma das semifinais do torneio - Fernando Gomes / Agencia RBS

Publicado em 23/09/2018 por Zero Hora

Depois de receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, acontecimentos planetários, o Brasil será sede da Copa América, celebração continental, entre 14 de junho e 7 de julho de 2019. Com larga experiência em gestão no setor, Mauro Corrêa, da CSM Golden Goal, fala sobre o impacto do novo torneio no país, no Rio Grande do Sul, especialmente em Porto Alegre, com a Arena como sede dos jogos.

A Copa América começará em nove meses. O que esperar?

A Copa do Mundo deixou várias lições, algumas já aproveitadas na Rio 2016 e que seguramente serão transferidas para a Copa América. A primeira delas é que vários profissionais, com ampla experiência, migraram da organização desses dois eventos para a atual. O fato de termos mais sedes concentradas nas regiões Sul e Sudeste vai gerar menos custos e mais facilidades, teremos uma concentração de operações mais acirradas, e consequentemente para o espectador isso é mais acessível. Teremos menos custos e uma facilidade aeroportuária, viária e hoteleira que não tínhamos antes da Copa, agora estarão à disposição do público.

Algum outro legado da Copa?

Outro legado são as arenas. Sem contar o aprendizado que tivemos em outros setores, como controle de acesso e informação, sinalização, hospitalidade, atendimento ao espectador. Estamos em outro patamar. Vamos provar.

Anunciantes e espectadores estão interessados no torneio?

Provoca interesse porque são seleções protagonistas em torneios Fifa, com jogadores considerados os melhores do mundo e que estão atuando nos principais times do planeta. É um torneio muito competitivo, e o mercado local valoriza esse ambiente. Sem contar que não sediamos uma Copa América desde 1989 e agora teremos mais uma chancela de provar que sabemos organizar eventos deste porte.

O futebol ainda conta muito?

O futebol é predominante em comparação com outros esportes. Obviamente que o fato de vivermos um período macroeconômico de crise, não apenas em relação ao Brasil, mas toda América do Sul, prejudica no sentido de termos menos verbas de investimento, de compra de direitos e na demora em comunicar sobre os passos e projetos futuros do torneio. Mas temos nove meses até lá, e o fato de ser a principal competição das Américas e despertar o interesse europeu já fala por si só.

O fatos de os jogos estarem concentrados duas regiões podem representar benefícios?

Os benefícios são variados. Um mesmo turista que vem ao Brasil vai ter condições de ver mais jogos, as distâncias são menores. Também temos uma rede de hotelaria, de transporte, de malha viária, rodoviária e aeroportuária muito mais estruturadas, que não existia antes e durante a Copa. Também temos duas das melhores arenas do país, que não estavam na copa, e agora estarão, concentradas em regiões cheias de oportunidades, que são o Allianz Parque, em São Paulo, e a Arena do Grêmio. Por sua vez, teremos menos gastos com logística e vamos poder destinar mais verba com a competição, seja em bilheteria, em alimentos e bebidas, em merchandising, em serviços oferecidos nas cidades-sedes. Isso gera mais retorno ao público. Para as cidades que vão sediar, e citando especificamente Porto Alegre, vai trazer muita visibilidade para um turista que é estratégico, o sul-americano, que viaja ate com mais frequência ao Brasil do que para outros continentes.

O momento econômico do país pode influir na organização?

Influencia bastante. O comitê tem procurado racionalizar o orçamento ao máximo, e isso por sua vez torna as negociações mais difíceis. Mesmo com as arenas foram tratativas demoradas, pois eram agressivas em termos de custos. Isso faz com que o andamento da competição seja mais longo, gerando demora na comunicação das decisões, na divulgação do calendários e outros serviços. O tempo de preparação e organização fica menor. Menos tempo de divulgação, logo, menos tempo para captação de recursos.

E o preço dos ingressos?

O momento do país também pode gerar menos consumo no decorrer da competição, sem contar a pressão para que o ticket médio dos jogos seja inferior. Do ponto de vista de competição, vai ser mais do que em 2014, quando vivíamos outra situação econômica.

Qual o ganho do Estado? 

Vai ter muita visibilidade para os países vizinhos e também para japoneses, para turistas que venham do Catar ou de outros continentes. O ganho da região da Serra Gaúcha, que é um destino turístico natural, é enorme. Se for comunicado de forma acentuada, acessível e inteligente, como já foi na época da Copa, pode ser capitalizado ainda mais ao longo dos próximos anos. Outro ponto importante é a possibilidade do uso da Arena do Grêmio acoplado a questão da revisão da malha viária em seu entorno, com a ponte que liga diretamente o interior do estado. Isso vai facilitar a vida para que as pessoas do estado assistam aos jogos. É uma capital que está sempre investindo, além de toda a tradição futebolística, que é muito forte em todo o Rio Grande do Sul.

A Arena está preparada para, digamos, receber um Messi?

Está absolutamente preparada, em termos operacionais o nível é de excelência. A Arena tem experiência fortíssima de anos de capacidade máxima, que deve ser a realidade de jogos da Copa América, sem qualquer tipo de problema em relação aos outros estádios que foram sedes na Copa do Mundo de 2014. A Arena se destaca pela questão do número de elevadores, dos acessos, dos vestiários, da mobilidade, da proximidade com o aeroporto, do novo acesso para o interior do estado por meio de uma nova ponte. Uma competição como a Copa América sempre demanda ajustes finais, de segurança, efetivo, mas são serviços ligados ao entorno do complexo e não ao estádio em si.

Senior partner da CSM Golden Goal, empresa com enorme experiência em gestão e marketing esportivo do Brasil, Mauro Corrêa, 53 anos, trabalhou na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. Participou de ações envolvendo arenas, entidades, atletas e clubes em eventos mundiais.

O executivo é formado em gestão de negócios pela University of Illinois, nos Estados Unidos, administração de empresas na USP e é mestre em gestão empresarial pela INSEAD Business School.


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