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Dez pistas da 'filosofia' que Dunga deve levar para a seleção brasileira

22/07/2014

O que esperar de Dunga nesta sua volta ao comando da seleção brasileira? No início do mês, em meio à Copa do Mundo, ele deu algumas pistas sobre como vê o trabalho de um técnico de seleção.

Foi na véspera da partida entre Alemanha e França, válida pelas quartas de final, no Maracanã. Dunga participou de um evento promovido pela Coca-Cola ao lado do ex-jogador argentino Claudio Caniggia. À vontade, ele respondeu a perguntas de jornalistas por quase uma hora.

É preciso levar em conta que estas declarações foram dadas antes do trágico 7 a 1. Em todo caso, relendo as suas respostas, é possível ver com alguma clareza como o técnico pensa a respeito de algumas questões fundamentais. Veja abaixo:

1. Excluir um jogador polêmico pode ajudar a unir o grupo
"Recentemente conversando com o (Arrigo) Saachi (técnico da Itália na Copa de 94), ele disse: 'Você tem que convocar os jogadores pela competência, mas também pela confiança'. O Deschamps (técnico da França) começou a ganhar o grupo quando deixou um jogador de fora (referência ao meia Nasri, do Manchester City)."

2. Nem todo jogador "polêmico" é um Romário
"O treinador escolhe pela competência. Quando tem dois no mesmo nível, você vai escolher o menos polêmico, o que cria menos problema. Mas, se esse polêmico resolve as coisas dentro de campo, você tem que engolir. Agora, tem muito jogador polêmico que não resolve dentro de campo."

3. Não escala ninguém pela fama
"Muita gente diz: você tem que trocar fulano. Tudo bem. Mas me diz quem tem que sair? Eu, como profissional, se dou igualdades de condições de trabalho para todos, o que se acha melhor tem que mostrar em campo."

4. A fidelidade aos jogadores tem limites
"Foi assim com o Parreira em 94. Deu as oportunidades a quem estava com ele desde as eliminatórias, depois começou a mudar. Tem uma hora que o jogador precisa aparecer. Quanto maior é a cobrança, mais é a hora de mostrar a cara."

5. O capitão do time pode sentir a pressão
"Cada uma tem uma forma de reação, uma personalidade. Tem que ver o ser humano também. Que pode ter virtudes e defeitos como todos nós, que também sente a pressão. O mais importante é que o grupo entenda essa reação e saiba da personalidade do Thiago (Silva)."

6. Em uma seleção não há só um líder
"Não é só ele (Thiago Silva) que tem que fazer a liderança. Todos têm que ajudar. Só quem está lá dentro pode saber."

7. O talento individual muitas vezes é suficiente
"O que a gente vê (na Copa)? Fala-se em times ofensivos, mas o que se vê? Seleções marcando atrás do meio de campo, com jogadores velozes, que sabem definir. Quem define é o talento. Fala-se mal da Argentina, mas ganhou todos os jogos."

8. Ansiedade é diferente de pressão
"Pressão que a minha geração teve, em 94, não vai ter nunca. Era pau o tempo todo. Aquela geração tinha um temperamento muito forte. Essa geração não tem pressão, tem ansiedade, de mostrar ao Brasil que pode jogar em casa. Na Copa das Confederações, conseguia fazer gol logo no começo. Agora é diferente. Os jogadores estão ansiosos agora porque não conseguem fazer gol logo no inicio."

9. O papel do técnico é organizar
"A Colômbia melhorou muito com a entrada do Pekerman. Era um time muito desorganizado, sem obediência tática."

10. O enfrentamento com a imprensa faz parte do negócio
"Cada um tem uma forma de reação. Deixei todo mundo trabalhar igual e fui criticado. O Felipão está fazendo escolhas e está sendo criticado. Ser treinador da seleção tem mais prazer do desgosto. Como a gente reclama, vocês podem achar que a gente não gosta. Até com as entrevistas a gente se divertia. A gente sabia até o que os repórteres iam perguntar. 'Aquele cara, ele vai fazer uma pergunta pra me alfinetar'. Assim como vocês estudam a gente, a gente estuda vocês. Nunca deixei ninguém sem resposta. O treinador vai ser criticado sempre."

Fonte: UOL




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