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COPA DO MUNDO DA RÚSSIA: UM SONHO QUE EXIGE PLANEJAMENTO

Estádio russo - AFP

26/06/2017 

A um ano da competição, especialistas recomendam pesquisa e aplicações que 'travem' a cotação cambial

Por: Rennan Setti

RIO - Seja frugal ou pródigo, qualquer turista concorda que assistir a uma Copa do Mundo é uma viagem cara. Entre os pacotes que já estão sendo oferecidos por agências brasileiras para a competição do ano que vem, na Rússia, os custos por pessoa começam em R$ 15 mil, sem incluir passagem aérea para Moscou nem ingressos para os jogos. Torcedores que se preparam por conta própria para a festa e já estiveram em outras Copas estimam que o gasto total deva ficar na faixa de R$ 19 mil. Por isso, especialistas afirmam, tão importante quanto amar futebol é olhar com carinho para as finanças, a fim de amenizar a conta final desse sonho.

O primeiro passo é evitar a tentação de sair comprando passagem aérea ou moeda estrangeira antes de estimar o custo da viagem como um todo, lembra Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV). É essa pesquisa detalhada que vai nortear a estratégia de pagamento do projeto.

— Tudo deve entrar nesse cálculo, do gasto médio diário com alimentação, passando pelos deslocamentos entre as cidades-sede, à inflação, que, naturalmente, ocorre nos preços durante um evento do porte da Copa do Mundo. Estimar que o valor final será 20% maior do que em períodos sem Copa é razoável — explica Teixeira.

Segundo o professor, essa estimativa deve ser comparada com os preços de pacotes fechados por agências de viagem. No caso da Stella Barros Turismo, o pacote mais em conta — de seis dias durante a primeira fase da competição, sendo três deles ficando em Istambul (Turquia), de onde há voos regulares para vários destinos da Rússia — custa a partir de € 3.990 por pessoa (R$ 15,1 mil). O pacote para todo o período da Copa sai a partir de € 18.201 por pessoa (R$ 70 mil).

Veja alguns pacotes turísticos já disponíveis
 

Esses preços não incluem dois gastos imprescindíveis: a passagem do Brasil para a Rússia e os ingressos para os jogos. Mas cobrem confortos que viajantes mais econômicos podem considerar dispensáveis, como transfers dos aeroportos, city tour panorâmico e guias que falam português.

Mas Teixeira lembra que o pacote fechado tem a praticidade embutida no valor, além de implicar economia de escala, já que as operadoras têm poder de barganha para conseguir descontos. Segundo Renata Franco, diretora executiva da Stella Barros Turismo, um dos confortos do pacote é garantir voos para as cidades-sede em dias de jogo, em aviões fretados.

— É preciso fazer a conta se, no fim, o pacote sai mais em conta para o padrão de viagem que você quer. Levando sempre em consideração que, com pacotes, se você ganha comodidade, perde em flexibilidade — afirma o professor da FGV.

DE MOTORHOME A AÉREA DE BAIXO CUSTO

Depois dessas comparações, o viajante deve decidir como vai pagar, dentro do seu orçamento. Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão da Mapfre Investimentos, afirma que, dado o custo elevado, poucos turistas conseguirão quitá-lo à vista. No caso de pacotes fechados, a maioria das agências oferece parcelamento em mais de dez vezes. Em viagens organizadas por conta própria, essa opção é mais restrita.

Mas, independentemente do parcelamento, Eichhorn recomenda fazer uma aplicação financeira que possibilite “travar” o câmbio, isto é, proteger o viajante da variação da moeda estrangeira. Isso porque, tanto nas agências de viagem como em reservas feitas por conta própria, os preços são cotados em euros ou dólares.

— O ideal é programar uma reserva mensal, uma fatia do salário, e direcioná-la a um fundo cambial. No dia de quitar as despesas da viagem, basta sacar o dinheiro e fazer o pagamento, com a segurança de que o câmbio vai ficar viável. Imagine que, daqui até a Copa, o dólar dispare até R$ 4,20. Isso pode representar a diferença entre ir ou não ir — aconselha Eichhorn.

Fundos cambiais investem em contratos atrelados a divisas como dólar e euro e protegem o aplicador da oscilação cambial. Se o dólar sobe, por exemplo, o fundo apresenta rentabilidade proporcional. Ele é oferecido pela maioria dos bancos e gestoras. No caso da Mapfre, o investimento mínimo é de R$ 10 mil, e a taxa de administração é de 0,17% ao ano.

— Essa opção é mais segura do que comprar papel-moeda. E este é vendido na modalidade turismo, com um custo mais alto — diz Eichhorn.

Outra diferença do fundo é que ele não cobra IOF após um mês, enquanto uma alíquota de 0,38% incide sobre o câmbio em espécie. Mas o fundo sofre incidência de Imposto de Renda e taxa de administração.

O engenheiro André Janousek, de 44 anos, planeja assistir em 2018 a sua segunda Copa no exterior, depois de ter ido à da Alemanha. Seu objetivo é voltar sem dívidas, por isso já está separando as economias. Orçou gastar € 5 mil em 20 dias, do terceiro jogo do Brasil até a final.

— Vou usar motorhome como opção de deslocamento e hospedagem. Não é tão mais em conta que hotel, mas dá flexibilidade — explica.

Ele também tentará economizar comprando a passagem aérea assim que as opções estiverem disponíveis, 11 meses antes dos Jogos:

— Vou comprar antes mesmo de saber onde jogará o Brasil, já que o sorteio é no fim do ano.

Teixeira, da FGV, também lembra que, na hora de comprar a passagem, vale a pena checar se compensa ir para uma capital europeia e, de lá, pegar o voo para a Rússia com uma companhia aérea de baixo custo:

— Essa é uma possibilidade que poucos viajantes se lembram de explorar, mas que pode reduzir significativamente o custo da passagem.

Fonte: O Globo

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