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EDU GASPAR ESCOLHE CINCO OPÇÕES DE BASE PARA O BRASIL NA COPA DO MUNDO

16/04/2017

Coordenador de seleções da CBF passou nove dias visitando a Rússia
   
Edu Gaspar, coordenador de seleções, com o mapa da 
Rússia: preocupação agora é com a estrutura na Copa - 
Marluci Martins / Marluci Martins
Por Marluci Martins

Ex-jogador de ótimo passe e elegância no arremate, Edu Gaspar, aos 38 anos, está de novo com a bola. A um ano e dois meses da Copa da Rússia, é ele, coordenador de seleções da CBF, quem vem buscando os atalhos para uma boa logística na competição. De volta há uma semana de um tour russo de nove dias, Edu filtrou cinco possibilidades de quartel-general para a seleção, entre 58 possibilidades oferecidas pela Fifa.

Tais opções de base serão apresentadas amanhã ao técnico Tite, para a escolha definitiva da concentração do Brasil na Rússia. As anotações a caneta feitas por Edu no mapa das cidades da Copa são as pistas das preferências: São Petersburgo, Sochi, Kazan, Samara e, até, Krasnodar, excluída da lista final das sedes oficiais, mas vizinha aos principais centros da competição, a ser disputada em 12 estádios.

— A gente vai precisar de um bom local de treino, independentemente da cidade. Nossa prioridade é atender aos anseios técnicos. Às vezes, uma cidade não é tão glamourosa, mas tem um baita centro de treinamento. Nessa visita à Rússia, em alguns momentos mudei o “schedule” (cronograma). Não quis ver estádios. Priorizei conhecer as cidades porque campo de futebol eu vi durante minha vida inteira — destaca Edu.

O coordenador esteve na Rússia com o supervisor Luís Wagner e o preparador físico Fábio Mahseredjian. O trio voltou ao Brasil resignado com a oferta de uma infraestrutura ainda não tão próxima do padrão de excelência, mas passível de aperfeiçoamentos:

— Quase nenhum campo de treinamento chegou ao padrão Fifa. Alguns CTs ainda estão em construção. Fui a oito ou nove cidades, e nenhum “base camp” (conjunto de hotel e campo de treino) vai atender 100% da demanda da seleção — explica. —Vamos supor que você fique em um hotel muito bom, com conforto, mas sem estrutura pós-treino... Por isso, ainda voltarei à Rússia. E não quero esperar muito, pois há a possibilidade de precisarmos mexer na infraestrutura. Mas seria injusto falar de coisas ruins. Nada me assustou. Eles vão entregar o que estão prometendo.

LONGE DO ATENTADO

Nem mesmo o atentado no metrô de São Petersburgo quando Edu estava em Moscou, no início de abril, desmonta o otimismo. Naquele dia, o telefone tocou várias vezes. A alta cúpula da CBF queria saber de sua integridade física. Foi assim que Edu ficou a par do incidente com 14 mortos e mais de 40 feridos.

— A gente não sabia de onde veio a bomba. Claro, (o terrorismo) é uma pauta negativa. Recebi um comunicado da Fifa. Sabiam que eu estava lá e tiveram a preocupação de me avisar que a própria Fifa e o governo russo vão estar muito atentos a isso no período da Copa. Eu não acho que teremos esses incidentes. Em todas as Copas, fala-se sobre essa possibilidade, mas nunca aconteceu nada — diz o coordenador, que ficou bem mais assustado na última terça-feira quando, já de volta ao Brasil, acompanhou pela imprensa os estilhaços da repercussão da bomba perto do ônibus do Borussia Dortmund, na Alemanha. — Essas coisas não costumam ocorrer no futebol.

VERÃO E CALOR HUMANO DO MUNDIAL

Como jogador, Edu Gaspar bateu na trave dos planos do técnico Carlos Alberto Parreira. Uma lesão no joelho esquerdo deixou uma cicatriz no currículo de quem sonhava com a Copa da Alemanha, em 2006. Onze anos depois, dentro de um terno bem cortado, Edu está dando o pontapé inicial na Copa da sua vida. Na pele de dirigente, mas com a cabeça de boleiro que sabe a importância de encurtar a distância entre o jogador e a família.

Esse é um fator preponderante na escolha da base do Brasil no Mundial do ano que vem. A cidade de Kaliningrad está descartada, por ser a mais afastada cidade do mapa russo. O que dificultaria a aproximação dos parentes.

— Como os familiares dos jogadores poderiam ficar aqui, tão longe? — questiona Edu, sobrevoando o mapa com a caneta e a sensibilidade de ex-jogador de Corinthians, Arsenal, Valencia e seleção. — Diz pra mim um momento da vida em que um irmão, um pai e uma mãe não são bem-vindos. A gente precisa humanizar essas coisas. Estou falando por mim. Achamos positivo ter a família por perto. Em alguns momentos, você precisa de um ombro. E vai ter quem por perto? Com tudo bem organizado, não haverá problema. Vejo mais pontos positivos do que negativos.

Ou seja: Edu não está somente buscando uma concentração para a seleção. Nas suas anotações, estão também subentendidas boas condições para a rotina temporária de familiares e convidados na Rússia.

— Essa questão me preocupa. Se os familiares não ficarem em um local muito próximo ao nosso hotel, que possam ficar ao menos em uma cidade vizinha — afirma.

Se o conforto das famílias é uma das questões determinantes para a escolha da base da seleção brasileira, a distância entre as cidades, à exceção da isolada Kaliningrad, não assusta nem impõe nenhum obstáculo ao planejamento que está sendo traçado.

— Os trajetos, de avião, são de 2h30. A distância não me preocupa — afirma Edu.

A temperatura também está fora da pauta do coordenador de seleções da CBF. O frio russo não será adversário de nenhuma seleção ao longo da Copa do Mundo:

— A temperatura vai ser boa, verão. Vai oscilar entre 24 e 28 graus. Ninguém vai sentir frio.

O trabalho não se limita ao estudo do outro continente. É bem mais amplo, e vai além das questões geográficas. Rasga o calendário, supera Natal, Ano Novo e carnaval. Edu está com a cabeça na Rússia. E com o olhar em outras seleções de ponta.

— Teremos um amistoso contra a Alemanha, em março (de 2018), e ainda trabalhamos para conseguir mais outro. E queremos mais dois em novembro— lembra, certo de que o tempo está passando com a velocidade de uma bola chutada a gol.

Fonte: O Globo

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