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Atletismo russo está definitivamente excluído dos Jogos do Rio

Elena Isinbayeva não virá ao Rio de Janeiro
Comitê Russo
22/07/2016

"Lamento essa decisão", declarou o ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mutko, acusado de liderar o esquema de doping

A Rússia está definitivamente fora das provas do atletismo dos Jogos Olímpicos no Rio. Nesta quinta-feira, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) negou o recurso apresentado por 68 atletas russos que se diziam "injustiçados" pela suspensão à toda a delegação imposta pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). Com a decisão, atletas como Yelena Isinbayeva ficam impedidas de competir no Brasil sob a bandeira do país.

A decisão também reforça a possibilidade de o Comitê Olímpico Internacional (COI) se inclinar a banir toda a delegação russa em todos os esportes. Uma decisão é aguardada para a partir de domingo. Mas o governo de Moscou já admite que a sentença desta quinta-feira abre um precedente para o fim dos sonhos russos no Brasil.

"Lamento essa decisão", declarou o ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mutko, acusado de liderar o esquema de doping. "Infelizmente, um certo precedente foi estabelecido para uma responsabilidade coletiva", disse. Segundo ele, Moscou vai agora avaliar a situação. Mas, em um tom de ameaça, alertou que a situação "não poderia continuar como está".

Vladimir Putin, presidente russo, já havia alertado que uma suspensão ameaçaria criar um "racha" no movimento olímpico. Já Isinbayeva classificou a decisão como "um funeral para o atletismo". Há um mês, a Agência Mundial Antidoping (Wada) havia publicado um informe em que revelava como treinadores e dirigentes russos organizaram um programa de doping no atletismo com o conhecimento e coordenação do Ministério dos Esportes.

Como punição, a IAAF anunciou o afastamento dos russos de todas as competições internacionais, inclusive o Rio-2016. Apenas uma brecha foi deixada para que atletas pudessem solicitar que seus casos fossem individualmente avaliados. Para que um esportista fosse aceito, ele teria de provar que se preparou em outro país e esteve sujeito aos controles de doping de fora da Rússia.

Das dezenas de pedidos de revisão, a IAAF aceitou, até agora, apenas dois casos. Um deles, porém, era de Yuliya Stepanova, que revelou o escândalo de doping e que se mudou para a Alemanha. Ainda assim, ela irá competir sob "bandeira neutra". Inconformados, os atletas escolhidos para os Jogos entraram com um recurso na CAS, liderados por Isinbayeva. Nesta quinta-feira, porém, a corte manteve a suspensão. A decisão foi tomada de forma unânime pelos juízes Luigi Fumagalli, Jeffrey G. Benz e James Robert Reid.

"O tribunal confirmou que atletas russos estão impedidos de ser nomeados para o evento", indicou a corte. A decisão foi aplaudida pela IAAF. "A corte apoiou nossa posição contra o doping", disse a entidade. Mas seu presidente, Sebastian Coe, admitiu o gosto amargo em expulsar uma das principais potências olímpicas da competição.

"Esse não é um dia para declarações triunfantes. Não vim a esse esporte para impedir atletas em competições", disse. "Para além do Rio, vamos trabalhar para criar um ambiente seguro para os atletas para que possam voltar às competições internacionais", declarou Coe.

PRECEDENTE

Se a decisão já seria um golpe duro contra os russos, analistas apontam que o veredicto da corte pode abrir caminho para uma suspensão ainda maior. A Wada pediu que o COI impeça que todos os atletas russos estejam no Rio, depois que um informe nesta semana revelou que mais de 20 modalidades esportivas foram afetadas por um esquema doping com a participação direta do governo de Moscou.

Pressionado, o COI anunciou que iria avaliar a questão. Mas que primeiro iria aguardar para ver qual seria a decisão da CAS relativa ao atletismo. O temor da entidade era de que uma suspensão generalizada fosse considerada ilegal, tendo de reverter depois a decisão.

Com o sinal verde da corte, a pressão cresce para que o COI siga a mesma posição em todos os demais esportes. Na quarta-feira pela noite, o presidente do COI, Thomas Bach, recebeu uma carta assinada por 14 potências olímpicas pedindo que a Rússia fosse excluída do Rio. Uma decisão final sairá a partir de domingo.

Escândalo de doping chega ao futebol e pressiona Fifa

O escândalo de doping organizado pelo governo da Rússia chega até o futebol, coloca sérias dúvidas sobre os organizadores da Copa do Mundo de 2018 e joga por terra o discurso da Fifa de que o doping no esporte mais popular do mundo não é relevante.

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo e que foram usados no relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) apontam que, entre 2011 e 2016, pelo menos 13 jogadores pegos em testes de doping na Rússia foram protegidos e seus exames foram trocados por testes limpos.

De acordo com os documentos, o esquema no futebol foi coordenado pelo próprio ministro dos Esportes, Vitaly Mutko, que é um dos membros do Conselho da Fifa, além de acumular a função de organizador da Copa do Mundo de 2018 e de presidente da Federação Russa de Futebol.

A revelação coloca pressão sobre a Fifa. A entidade garante que irá examinar a situação, mas, até que os documentos da Wada sejam transmitidos, nenhum processo será aberto.

A Fifa afirmou que não seria direcionada a ela uma ordem do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que todas as federações esportivas retirem a Rússia de torneios internacionais. Em 2017, o país será a sede da Copa das Confederações e, em 2018, a Copa do Mundo.

Em mais de 100 páginas do documento da Wada, Vitaly Mutko é citado em mais de 20 vezes. Mas, para o presidente Vladimir Putin, não há motivo para suspendê-lo. “Mutko não é mencionado como autor”, disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov. Velho aliado de Putin, Mutko ajudou o atual presidente a organizar o primeiro evento internacional (Jogos da Boa Vontade) após o fim da União Soviética, em 1994.

Fonte: iG


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