.

.

COPA AMÉRICA: Chile supera Argentina de Messi e "cava" primeiro título

Crédito: Divulgação/FI

04/07/2015

Alexis Sanchez fez o que ninguém esperava na última e decisiva cobrança de pênalti: uma cavadinha pra lá de ousada, no meio do gol

Agora é oficial: o Chile é campeão da Copa América. Foi sofrido, em uma final com a Argentina que durou mais que duas horas, com prorrogação e decisão nos pênaltis, mas o torcedor chileno finalmente pode colocar seu nome entre os grandes clubes da América do Sul. Com uma cobrança “ousada” de Alexis Sanchez na marca da cal, o atacante que vinha sendo tão cobrado, a La Roja comemorou diante de mais de 40 mil torcedores no estádio Nacional.

O placar de 0 a 0 durante o tempo normal não parecia assim tão justo para quem acompanhou o confronto. Se no papel o time argentino era "infinitas vezes" melhor, em campo a história era outra. Aránguiz, Vidal, Valdívia... A força do Chile estava no toque de bola rápido e com velocidade, contra uma defesa celeste ainda criticada, mesmo que doutrinada por Tata Martino.

O duelo também era histórico para os argentinos, já que o último título de uma seleção profissional foi em 1993, quando a Argentina levou a Copa América, no Equador. E a geração de Messi, Di María, Tevez & cia. passou por este período todo sem nenhum título. E o grupo continua amargando um jejum de títulos com sua geração que vai passar dos 22 anos.

As cobranças de pênalti demonstraram a preparação. Assim que atacante Higuain isolou sua cobrança, muito distante da meta de Claudio Bravo, o astro argentino Lionel Messi levou as mãos ao rosto e já caiu em desespero. Pouco tempo depois, o zagueiro Banega bateu muito mal, para loucura de todos. Aí foi a vez de Sanchez, que merece um capítulo a parte nesta ilustre história chilena.

ALEXIS SANCHEZ

Sim, contra tudo e contra todos, o atacante cravou o seu nome entre os grandes chilenos. Há quem ainda lembre da sua penalidade máxima desperdiçada contra o Brasil na oitavas de final da Copa do Mundo, quando o Chile fez frente a seleção canarinho. Mas neste sábado Alexis Sanchez provou que merece sim atuar com a camisa roja.

O seu caminhar até a bola após a prorrogação era muito mais do apenas uma cobrança de penalidade: representou uma divisão. Foi ali, naquela caminhada que o Chile deixou de ser o "eterno azarão" para finalmente mostrar a sua força; mostrar seu poder diante da fanática torcida. O toque foi simples, como se a sua chuteira apenas cumprimentasse a bola, mas as consequências foram gigantescas: 17 milhões de vozes gritando a bola no barbante.

LIONEL MESSI

A expressão é simples e que demonstra a importância: "Argentina de Messi". O adjetivo que vem logo depois do país não é fácil de se tirar e poucos conseguiram fazer igual. "Brasil de Romário", "Hungria de Puskas", "Holanda de Cruyff". E sim, parece que mais uma vez estamos diante de um dos maiores craques da história do futebol. Não há mais recordes imbatíveis para o baixinho... Ou tem?

Se antes a desculpa era um elenco fraco, desta vez a Argentina vem com Lavezzi, Higuain, Tevez, Di Maria, Aguero. Mas ainda assim, o tão sonhado título não aparece para Messi. Há pouco mais de um ano, no Rio de Janeiro, Lionel também chegou a uma final, desta vez em nível mundial, mas sucumbiu diante de outro grande adversário: a Alemanha. Com a Seleção, o atacante venceu apenas uma medalha de ouro na Olimpíadas de 2008.

O JOGO

O confronto começou pegado, com as duas equipes muito atentas nas divididas e nas bolas lançadas atrás dos zagueiros. O primeiro lance de perigo foi do Chile, aos 10 minutos de jogo. Alexis Sánchez recebeu de Valdivia e arrancou pela direita. Demichelis tentou cortar, mas Vidal pegou a sobra de primeira. Romero fez grande defesa.

A Argentina reagiu aos 20, quando Messi cobrou falta em direção ao gol chileno e Agüero chegou para completar de cabeça na pequena área. No reflexo, Bravo fez linda defesa e salvou os anfitriões.

Com a forte marcação chilena, uma aula de Sampaoli para os técnicos do planeta e sobre Martino, os argentinos não conseguiam estabelecer seu ritmo de toques rápidos e jogadas ofensivas agudas, como ocorreu na goleada da semifinal contra o Paraguai. Além das jogadas ríspidas, o Chile travava as saídas argentinas marcando em cima Messi e Pastore.

A disposição chilena fez sua primeira vítima quando aos 25, logo depois da arrancada no contra-ataque, Di María sentou no gramado e reclamou de dores. Ele sentiu a coxa e foi substituído por Lavezzi.

Antes do fim da etapa inicial, a Argentina quase abriu o marcador ao chegar na área chilena em boa troca de passes na esquerda. Pastore recebeu a bola, foi até a linha de fundo, já na área, e rolou para Lavezzi atrás. O jogador do PSG chutou de primeira e forçou Bravo a fazer outra grande defesa.

Com o zero no placar, as duas equipes voltaram do intervalo com a mesma disposição. Em lance bobo, logo a 1 minuto, o Chile quase marca com Vidal. Otamendi se complicou e perdeu a bola para Sánchez. O jogador do Arsenal cruzou para Vidal, que cabeceou firme para a defesa segura de Romero.

Aos 28, em cena polêmica, Valdivia foi substituído e a leitura labial do jogador, além de sua mexida negativa com a cabeça, comprovavam a insatisfação do jogador com a alteração do técnico Sampaoli. Já no banco, o jogador tirou as meias e as jogou longe, reforçando sua revolta com a substituição.

O Chile aproveitou a falta de opções da Argentina e cresceu na partida. A equipe da casa pressionava o adversário, trocando passes ao redor da área e chegando ao gol em cruzamentos. A Argentina resistia bravamente na defesa.

Mas a resistência quase desmoronou aos 37, quando em lance agudo Sánchez, na melhor jogada da partida, recebeu passe preciso de Aránguiz na área. O atacante girou batendo de primeira. A bola passou raspando a trave, com Romero fazendo apenas golpe de vista.

No último lance da partida, a Argentina quase acabou com o tabu de 22 anos sem títulos. O Chile abriu a defesa para o contra-ataque e Messi recebeu no meio, passou pelo marcador e abriu para Lavezzi na direita. Com espaço, o jogador não chutou nem cruzou para Higuaín, que quase sem ângulo chutou na rede pelo lado de fora.

Na prorrogação, o Chile voltou a mostrar a disposição que segurou a Argentina durante toda a final. Bem postado em campo, a equipe de Sampaoli parou o expresso argentino de Messi e criava algumas chances de perigo. Numa delas, Díaz concluiu por cima da meta de Romero.
O Chile respondeu e equilibrou as ações no duelo. No fim do primeiro tempo, Bravo saiu jogando rapidamente, na direção de Sánchez. Mascherano furou feio ao tentar cortar e deixou o atacante chileno livre. O jogador do Arsenal correu até a área e chutou por cima, na melhor chance da prorrogação.

Com o zero persistindo no placar, a tensão crescia cada vez mais nos minutos finais. Os chilenos se defendiam, enquanto a Argentina buscava o gol a todo custo. Mas a final histórica seria decidida nos pênaltis.

Nas cobranças, apenas Messi marcou pela Argentina. Higuaín voltou a mostrar sua falta total de competência e isolou a bola na segunda cobrança. Banega bateu no canto de Bravo na terceira. Matias Fernández, Vidal, Aránguiz e Sánchez conferiram para os chilenos. O atacante Arsenal teve a ousadia de cobrar no estilo da famosa "cavadinha", para garantir a vitória chilena.

Com o título, o Chile levou o primeiro troféu importante de sua história e garantiu, ao mesmo tempo, a presença na Copa das Confederações de 2017, ao lado de Rússia e Alemanha, campeã mundial.


FICHA TÉCNICA

CHILE (4) 0 x 0 (1) ARGENTINA

Data: 04/07/2015
Horário: 17h00
Local: Estádio Nacional - Santiago 
Árbitro: Wilmar Roldán (Fifa/Colômbia)
Público: 45.693 pessoas

Cartões Amarelos
Chile: Díaz, Medel, Francisco Silva, Aránguiz
Argentina: Banega , Rojo, Mascherano


Chile

Bravo; 
Isla, Medel, Francisco Silva e Beausejour; 
Díaz, Aránguiz, Vidal e Valdivia (Matías Fernández); 
Vargas (Angelo Henríquez) e Alexis Sánchez.
Técnico: Jorge Sampaoli







Argentina

Romero; 
Zabaleta, Demichelis, Otamendi e Marcos Rojo;
Mascherano, Biglia e Pastore (Banega); 
Di María (Lavezzi), Messi e Agüero (Higuaín).
Técnico: Gerardo Martino








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...