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Tensão contra Copa 2022 no Catar: Bundesliga diz que Uefa pode deixar a Fifa

Reinhard Rauball, presidente da DFL, que dirige a Bundesliga (AP Photo/Gero Breloer)

16/12/2014

Por: Felipe Lobo

A pressão aumenta no caso da Copa do Mundo do Catar de 2022. A publicação do relatório que inocenta o país do Oriente Médio de qualquer irregularidade causou muita controvérsia e deixou muita gente insatisfeita. A ameaça começou a ficar mais séria com as declarações de Reinhard Rauball, presidente da Deutsche Fussball League, que comanda a Bundesliga e a 2. Bundesliga, primeira e segunda divisão da Alemanha. Segundo o dirigente, se a crise não for resolvida com credibilidade, a Uefa precisa reconsiderar sua posição e uma opção é sair da Fifa.

O relatório publicado por Hans-Joachim Eckbert é só um sumário da investigação de Michael García, contratado para comandar a câmara de investigação do Comitê de Ética da Fifa – que, segundo a entidade, é completamente independente e, por isso, ela não pode fazer nada em relação ao relatório. O documento inocentou Rússia e Catar no processo de escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. Além de não considerar os dois vencedores culpados, o relatório ainda criticou duramente a candidatura da Inglaterra, mesmo com diversos fatos suspeitos ou não esclarecidos em relação aos dois vencedores.

Reinhard cobra que o relatório seja publicado integralmente, protegendo apenas os nomes das testemunhas, como queria Michael Garcia, mas Eckert afirmou que isso não será feito. A Fifa, em reação à chuva de críticas, reafirmou que o comitê é independente e não há nada que possa fazer. As críticas em relação à Blatter e à Fifa aumentaram ao redor do mundo.

“O resultado foi uma quebra na comunicação e balançou as fundações da Fifa de um modo nunca experimentado antes”, afirmou Rauball. “Como solução, duas coisas devem acontecer. Não apenas a decisão do comitê de ética ser publicado, mas o indiciamento do senhor Garcia também [deve ser publicado], então fique claro quais era as acusações e como elas foram julgadas”, declarou o dirigente alemão ao site da revista Kicker. “Além disso, as áreas que não foram avaliadas no relatório e se isso se justificava deve ser publicado. Isso deve ser tornado público. É a única forma que a Fifa pode lidar com a completa perda de credibilidade”, continuou.

Se o relatório não for publicado, Rauball diz que as consequências podem ser sérias. “Se isso não acontecer e a crise não for resolvida de uma maneira que tenha credibilidade, será preciso avaliar se você está em boas mãos com a Fifa”, argumentou. “Uma opção que teria que ser seriamente considerada é que a Uefa deixe a Fifa”, afirmou o dirigente.

A ameaça pode soar como uma bravata, mas vindo de quem vem, é muito mais séria do que parece. Há alguns motivos para isso. Primeiro, a Bundesliga é um dos campeonatos com mais prestígio no mundo atualmente, com regras financeiras austeras e um calendário um pouco mais racional que a maioria das outras grandes ligas europeias – tem 18 times nas duas primeiras divisões, por exemplo, o que já faz ter menos jogos. A Copa do Mundo de 2022 tem ameaçado mudar todo o calendário internacional para que ela seja disputada em um período diferente do tradicional, junho e julho, quando as ligas europeias estão em férias, para acontecer em novembro/dezembro ou janeiro/fevereiro. Evidentemente, os clubes europeus não gostam da ideia e já manifestaram sua posição em relação a isso.

Além das ligas e dos clubes insatisfeitos com as mudanças, há também a insatisfação da Inglaterra por ter sido atacada pelo relatório da Fifa. Mais importante que isso, há ainda a insatisfação da Uefa como um todo. Os membros da entidade pedem que Blatter deixe o cargo de presidente da Fifa depois do atual mandato, que acaba em 2015. Michel Platini optou por não concorrer com o suíço nas próximas eleições porque esperava que Blatter não concorresse. A Uefa, então, procura um candidato de oposição para desbancar o suíço.

O francês Jérôme Champagne já se candidatou e o chileno Harold Mayne-Nicholls ainda avalia a possibilidade. No Congresso da Fifa em junho, pouco antes da Copa do Mundo no Brasil, diversos dirigentes pediram que Blatter deixasse o cargo quando o mandato terminasse. Não foram atendidos, porque Blatter vai mesmo concorrer a mais um mandato em 2015. Mais do que isso, a Fifa mudou as regras da disputa para dificultar que apareça um candidato contra o suíço.

Um dos que fez denúncias à investigação de Garcia, que foi ignorado, Bonita Mersiades, chefe de comunicações da candidatura da Austrália para a Copa do Mundo de 2022, foi contundente na sua avaliação sobre como a Fifa lidou com o caso. “É uma organização que, em termos de governança, é apenas uma farsa”, criticou Mersiades. “As únicas pessoas que se saíram bem no sumário do relatório publicado por Eckert é a Fifa. Ele diz que eles tomaram as decisões certas em respeito ao Catar e à Rússia e há até uma referência lá que Joseph Blatter geriu um maravilhoso processo. É quase como uma grande comédia”, afirmou ainda Mersiades.

Michel Platini apoiou Blatter na eleição presidencial da Fifa em 2011, mas ficou insatisfeito com a decisão do suíço de concorrer a um novo mandato em 2015, uma vez que ele mesmo esperava herdar o cargo. Com isso, Platini fez duras críticas a Blatter, à Copa de 2022 no Catar e à Fifa. A insatisfação de Platini, dos membros da Uefa, das ligas e dos clubes cria uma oposição forte à Copa de 2022 no Catar. Isso sem falar nas associações de jogadores, que já protestaram contra a possibilidade de jogar em temperaturas que beiram os 50°C. A pergunta agora é: até quando a Fifa manterá a Copa de 2022 no Catar, mesmo com tanta pressão contra de todos os lados?

Fonte: Trivela

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