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Bares e hotéis colhem primeiros frutos com a Copa em Porto Alegre

22/06/2014

Estabelecimentos do centro e da Cidade Baixa viram o movimento aumentar e a satisfação dos visitantes, que adotaram alguns locais como ponto de encontro

O balanço ainda não foi consolidado, mas a julgar pelas primeiras impressões do comércio e da rede hoteleira de Porto Alegre, a Copa do Mundo já mostra números animadores. Bares do Centro Histórico, da Cidade Baixa e do Moinhos de Vento têm verificado grande movimento de turistas e comemoram aumento significativo no faturamento.

Conforme o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia da capital gaúcha (Sindpoa), Henry Chmelnitsky, a apuração deverá ser concluída somente no começo da próxima semana, mas alguns estabelecimentos estão muito entusiasmados. “Algumas áreas receberam muito público jovem, e outras tiveram queda na frequência dos clientes habituais. Os estabelecimentos acabaram vendendo muita cerveja e caipirinha, mas pouca alimentação. Estamos calculando o valor médio gasto por cliente”, observa.

Segundo Chmelnitsky, a taxa de ocupação nos hotéis, principalmente de quatro e cinco estrelas, chegou a 95% em dias de jogos e a 75% nos demais. Além do mais, muitos hóspedes acabaram aparecendo sem reserva prévia, o que reforçou o faturamento, especialmente porque esses clientes pagaram diária de balcão.

Mas os números dos primeiro dias de Copa em Porto Alegre são menos importantes do que a herança que será deixada após o evento, pondera o empresário. “O nível de satisfação das pessoas é alto. Os turistas curtiram Porto Alegre, especialmente a Cidade Baixa. O saldo é positivo para a cidade e a categoria. O legado é que importa, com os cardápios em diferentes idiomas, o funcionário bilíngue, o atendimento qualificado e a produtividade”, conclui Chmelnitsky.

Movimento triplicou no Chalé da Praça XV

Exemplo de planejamento e resultado é o tradicional Chalé da Praça XV, localizado no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico. O local, aberto em 1911 e que acomoda até 620 pessoas sentadas, foi repaginado a partir de estudos iniciados ainda no ano passado, com foco no evento Copa do Mundo. O Chalé abrigou a Casa Azul, tradicional espaço dos franceses em Copas, e abriu três horas antes do normal na quarta-feira, para acolher a grande festa holandesa na Orange Square.

Desde o dia 14 de junho, o movimento triplicou. Passam pela casa cerca de 1,2 mil pessoas por dia, 90% deles estrangeiros. “No dia de Holanda e Austrália, abrimos as portas às 8h para os torcedores desses países e servimos muitas bebidas e café. Atrasamos o almoço, e servimos cerca de 600 refeições entre as 16h e as 18h. Isso é três vezes mais do que o normal”, diz a gerente operacional e de marketing do grupo Variettá, Joice Adams.

Para faturar na Copa, a operação do permissionário da casa, que é patrimônio histórico do município, investiu com antecedência. Aumentou o quadro de funcionários de 50 para 72 pessoas, das quais 10% podem ser admitidas em definitivo. Desses, 10 são bilíngues, treinados por seis meses no próprio local. Nos dias de movimento com franceses, uma equipe adicional de intérpretes foi contratada para atendê-los na língua nativa. “Queríamos dar a eles a sensação do acolhimento, de estar em casa. E funcionou, pois muitos voltaram. Nosso cardápio é feito em português, inglês e espanhol. Fizemos material específico para os franceses também”, explica o gerente geral, Alexandre Pedó.

No Chalé da Praça XV, o movimento de um dia de Copa equivale ao de três dias comuns. Por isso, a loja tratou de cuidar dos mínimos detalhes. Até os banheiros, usualmente limpos a cada duas ou três horas, mantinham funcionários permanentemente alertas.

Qualificação

A oportunidade de qualificação despertou a atenção do garçom Alceu Guedes, funcionário da casa há mais de dois anos. O curso de inglês voltado para atendimento deu-lhe independência e autonomia junto à clientela estrangeira. “Eu já tinha o inglês básico, da escola, mas o treinamento ajudou muito. A experiência está sendo muito boa, agregou muito à minha vida”, comemora.

Guedes já percebe no bolso o resultado do esforço em treinamento. Com a confiança que adquiriu em outro idioma, ele é um dos mais ativos da casa. E, assim, a comissão cresce. “Aumentou uns 40%, com certeza. Tem cachê pra foto também”, brinca antes de sair para atender a uma mesa com um grupo de estrangeiros. 



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